Uma enfermeira nascida e criada em Quixeré, no interior do Ceará, está no centro de uma disputa bilionária contra uma casa de apostas internacional. Maria do Socorro Sombra alega ter faturado nada menos que R$ 1,8 bilhão ao apostar na Powerball — famosa loteria dos Estados Unidos — pelo site Lottoland em outubro de 2020. No entanto, segundo ela, perdeu o acesso à conta e à comprovação da aposta logo após o suposto prêmio.
“Vi que eu estava tratando com o ladrão”, desabafou a enfermeira em entrevista à coluna que revelou o caso. Ela apresentou à Justiça registros de e-mails solicitando acesso à conta e afirma ter anotado os números premiados numa agenda, além de possuir capturas de tela da aposta.
Desde então, a disputa jurídica se estendeu por diferentes instâncias. A Lottoland nega que Maria do Socorro tenha vencido o sorteio e afirma, “de forma firme e inequívoca”, que os números escolhidos por ela não foram sorteados no prêmio principal. A casa de apostas também sustenta que a questão deveria ser resolvida em Gibraltar, território ultramarino britânico onde está sua sede.
A estratégia, porém, não funcionou. A 2ª Vara Cível da Comarca de Limoeiro do Norte (CE) e o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) entenderam que a exigência de foro estrangeiro seria abusiva e dificultaria o acesso da apostadora à Justiça. A decisão foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, em 17 de junho, manteve por unanimidade o direito de julgar o caso no Brasil.
ReproduçãoImagem da agenda de Maria do Socorro Sombra
“A exigência de que a autora litigue em Gibraltar imporia ônus manifestamente desproporcional, haja vista as significativas barreiras linguísticas, as substanciais diferenças procedimentais, os custos exorbitantes e a considerável distância geográfica”, escreveu o relator, ministro Antonio Carlos Ferreira.
No processo, a Lottoland ainda contesta o valor indicado de R$ 1,8 bilhão, alegando que o prêmio real da Powerball na data seria menor. A empresa declarou que não houve vencedor na ocasião e que o maior valor possível para cinco acertos mais a Powerball seria de R$ 244,3 milhões.
Imagem apresentada pela bet no processo:

A disputa permanece aberta, e ainda cabe recurso. Até lá, Maria do Socorro segue sustentando que venceu a bolada, agora respaldada pela Justiça brasileira para buscar o prêmio onde considera seu direito.
Nota da bet Lottoland
“A Eu Lotto confirma de forma firme e inequívoca que a jogadora em questão, Maria do Socorro Sombra, não ganhou sua aposta na Powerball. A Eu Lotto forneceu toda a documentação relevante – incluindo, mas não se limitando ao comprovante original da aposta da jogadora – a qual demonstra claramente que os números selecionados por ela não foram sorteados no prêmio principal da Powerball.
Apesar da documentação clara apresentada, a jogadora continua contestando o resultado. Entendemos que resultados como esse podem gerar frustração, no entanto, a Eu Lotto opera sob rigorosa supervisão regulatória e utiliza sistemas automatizados aprovados por órgãos reguladores para registrar todas as apostas com precisão e preservar a integridade da plataforma.
É importante destacar que este processo judicial trata exclusivamente da divulgação do histórico de apostas da jogadora, e não envolve qualquer valor de prêmio ou reivindicação sobre ganhos.
Seguimos comprometidos com a total transparência e conformidade, e levamos questões como esta com máxima seriedade. A EU LOTTO continuará colaborando com o processo judicial para demonstrar de forma conclusiva que a jogadora está equivocada em relação à aposta mencionada.”